Artigo no Jornal Diário do Grande ABC – Os riscos de um boato

Diante os constantes casos de violência ocasionados pela disseminação de boatos na internet, nosso consultor Roberto Henrique, publicou um breve artigo no Jornal Diário do Grande ABC onde busca sensibilizar os leitores sobre as graves consequências que tal prática pode causar, colocando a vida de pessoas em risco, como pudemos ver recentemente na tentativa de linchamento de um casal de Araruama, cidade do Rio de Janeiro, que só não acabou em um duplo homicídio devido a intervenção de policiais.

Por essa e outras situações é que vemos a importância de programas de Educação Digital e de capacitação em Segurança da Informação em nossa sociedade. Organizações públicas e privadas precisam de engajamento para promover ações que procurem conscientizar as pessoas sobre os riscos do mau uso da tecnologia.

O artigo foi publicado na sexta-feira, 14 de Abril de 2017, na edição de número 16850. Segue o texto na íntegra:

CAUSA MORTIS: BOATO NA INTERNET

Todos concordamos que a internet abriu as portas do conhecimento e diferente do que acontecia na era do jornal, rádio e TV, as pessoas que tão somente consumiam as notícias, começaram a produzi-las também, dando não apenas o poder de acessar as informações, mas de criá-las e compartilhá-las sem a preocupação de seguir uma linha editorial ou alguma regulamentação, atingindo o ápice da chamada liberdade de expressão. Chegamos ao topo do Everest, mas subimos rápido e completamente desnudos.

É assim, despreparados que estamos acompanhando o acelerado processo de Inclusão Digital no Brasil, com várias iniciativas que buscam oferecer acesso à internet e a todas as tecnologias adjacentes para um público que mal possui acesso a um ensino básico que lhe prepare para viver em sociedade, respeitando e compreendendo alguns princípios de cidadania. Estão dando o foco na tecnologia apenas, é a Inclusão sem Educação, e isso está transformando cada vez mais a internet em uma arma perigosa e acessível a qualquer pessoa com um aparelho em mãos.

Mais uma vez no noticiário, um trágico exemplo de como um boato disseminado nas redes sociais pode colocar em risco a vida de pessoas, de forma tão covarde, sem princípio do contraditório diante a horda de justiceiros que toma conta do país. Um homem e uma mulher de Araruama/RJ passaram por momentos de terror quando foram confundidos como os supostos sequestradores que raptavam crianças na região. E qual a prova que fez com que o “júri” decretasse aos “réus” a pena de linchamento em praça pública? Uma publicação no Whatsapp com áudio de um pai alertando que um casal circulando em um carro branco estaria “catando crianças” e que seu filho quase havia sido levado. Para ajudar, na publicação foram incluídas fotos do casal dentro do veículo, o suficiente para que uma população sem educação, porém, altamente conectada promovesse cenas de barbárie e, diga-se de passagem, registradas dos mais diferentes ângulos, é claro.

Por sorte, alguém com o mínimo de discernimento avisou a polícia sobre a situação e os guardas a muito custo retiraram ambos da cena de um quase duplo homicídio. O veículo cercado por mais de 200 pessoas foi destruído com pedras, paus e fogo, remetendo a cenas típicas da Idade das Trevas. E este é apenas mais um dos muitos casos já registrados, sendo o mais conhecido deles, o linchamento de Fabiane Maria de Jesus, morta aos 33 anos por um grupo de moradores que acreditaram na publicação compartilhada em uma página do Facebook denominada Guarujá Alerta, fonte de informação confiável para muitos dos seus 50 mil seguidores. O difícil é saber se as duas crianças que ficaram órfãos, um dia entenderão que a mãe morreu por um simples boato.

 

Fontes consultadas: Diário do Grande ABC

Imagens: Diário do Grande ABC / ABCTec

Texto: Comunicação – ABCTec